quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Pesquisas indicam que transtornos alimentares sofrem influência do ambiente familiar





Aspectos emocionais influenciam diretamente nos aspectos alimentares, explica especialista.

Transtornos alimentares (TA) são distúrbios gerados, principalmente, pela obsessiva preocupação com a aparência. Um tema polêmico abordado por médicos especialistas no primeiro dia da 16º edição do Congresso Brasileiro de Nutrologia, organizado pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Este e outros assuntos foram abordados no evento realizado no Centro de Convenções do Maksoud Plaza Hotel, em São Paulo, entre 19 e 21 de setembro. 

Segundo o Dr. José Ernesto dos Santos, médico nutrólogo e lipidólogo, professor na Faculdade de Medicina de Riberão Preto, FMRP-USP, os transtornos alimentares, com destaque para a anorexia e a bulimia, acometem principalmente as mulheres e as crianças – cerca de 89% são mulheres e 26,6% estão entre 10 e 19 anos. “No entanto é preciso alertar a população sobre a doença, pois 12% da população apresenta um diagnóstico parcial de transtorno alimentar”, completa.

De acordo com a médica nutróloga Dra. Maria Del Rosario Zariategui de Alonso, da ABRAN e autora de diversos livros sobre o assunto, a proporção entre homens e mulheres é de 4:10 respectivamente. Além disso, é preciso dar atenção aos grupos de risco, como modelos e bailarinas. “Traços de personalidade como obsessão, compulsão, perfeccionismo, rigidez, persistência e auto-avaliação negativa representam um alerta para a doença”, explica a especialista.

Outra descoberta importante por meio das pesquisas é a influência familiar nos pacientes com transtornos alimentares. “Na maioria das vezes não é genética, mas familiar, uma influência chamada de ambiental”, completa Dr. Ernesto. Segundo o médico, problemas como abortos, perdas, mortes de entes queridos entre outras doenças, durante a gravidez, podem afetar diretamente o bebê e seu futuro.

O tratamento mais eficaz deve ser multidisciplinar, com acompanhamento médico, nutricional e psicológico. “O aconselhamento nutricional deve ser feito em conjunto com o tratamento dos aspectos emocionais. Vínculo e acolhimento servem como apoio para fortalecer o atendimento dietético”, afirma a nutricionista e professora na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP, Rosane Pilot Pessa Ribeiro.

“Os tipos de transtornos alimentares são muitos – anorexia, bulimia, ortorexia, vigorexia e diabulimia, entre outros - , por isso, é necessário uma avaliação médica minuciosa para não encarar a doença apenas  como um problema nutricional. ”, explica o professor Dr. Eduardo Wagner Aratangy, médico psiquiatra e coordenador do Programa de Atendimento Intensivo dos Distúrbios Alimentares (PRADA – AMBULIM).

“O transtorno alimentar é uma doença grave, em que muitas vezes a medicação é incapaz de agir em um cérebro mal nutrido. O acompanhamento nutrológico é essencial para mudar os hábitos do paciente e controlar a doença”, finaliza Dra. Rosário.

Sobre a ABRAN
A ABRAN é uma entidade médica científica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Fundada em 1973, dedica-se ao estudo de nutrientes dos alimentos, decisivos na prevenção, no diagnóstico e no tratamento da maior parte das doenças que afetam o ser humano, a maior parte de origem nutricional. Reúne mais de 3.800 médicos nutrólogos associados, que atuam no desenvolvimento e atualização científica em prol do bem estar nutricional, físico, social e mental da população. Visite www.abran.com.br

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Procon investiga composto lácteo da Nestlé que tem 'cara' de leite e deixa pais confusos






Reportagem de MARIANA VERSOLato - Folha de SP
As embalagens de Ninho e Ninho Fases são semelhantes: latas redondas e amarelas com a marca Ninho em letras grandes. Mas consumidores mais atentos verão que, dos dois, só um é leite em pó.
Diferentemente do leite Ninho, o Ninho Fases é um composto lácteo, uma mistura à base de leite e outros ingredientes, como óleos vegetais. A frase "este produto não é leite em pó" está na parte de trás da lata. Ele tem tem diferentes versões para casa faixa etária, de um a cinco anos.
Por causa da possibilidade de o consumidor ser induzido a erro, o Procon de São Paulo começou a investigar a Nestlé, após receber a denúncia de um consumidor.
Até há poucas semanas, o próprio site da Nestlé colocava o Ninho Fases na categoria de leite. Só mudou após uma notificação do Procon
A entidade agora analisa o material publicitário da empresa e poderá multá-la ou exigir contrapropaganda. O prazo para o resultado da análise é de 120 dias, segundo Paulo Arthur Góes, diretor executivo do Procon-SP.
"A informação nem sempre é clara. O consumidor não sabe a diferença entre leite e composto lácteo. Para ele, é tudo leite, mas o composto lácteo não tem as mesmas propriedades."
O Ministério da Agricultura também recebeu denúncias sobre o Fases.
QUALIDADE
Não há consenso entre os especialistas sobre se é melhor dar composto lácteo ou leite integral às crianças a partir de um ano -antes disso, o ideal é que ela receba leite materno.
Segundo Edson Credidio, médico nutrólogo e pesquisador em alimentos funcionais da Unicamp, o leite integral, por ser mais rico em nutrientes, é melhor para o desenvolvimento dos pequenos.
"Os melhores suplementos nutricionais estão nos alimentos e não no que se adiciona a eles. Essas novidades são meramente comerciais."
O publicitário Adriano Ferreira, 37, de Sorocaba (SP), ficou surpreso quando a médica de sua filha Heloísa, 3, disse que o Ninho Fases não era leite e pediu que ele trocasse de produto.
"Escolhi o Fases no supermercado porque vi que tinha um monte de vitaminas. Para mim era um leite Ninho mais incrementado. Você olha a embalagem e nem questiona se é leite porque conhece a marca Ninho. Me senti enganado."
Em blogs, outros pais se dizem surpresos e até revoltados quando descobrem que o Ninho Fases não é leite e contém xarope de milho, um tipo de açúcar.
Sophie Deram, pesquisadora e nutricionista do ambulatório de obesidade infantil do HC da USP, afirma que a tentativa de elaborar produtos com menos gordura saturada e mais vitaminas e minerais que o leite natural cria produtos doces e educa o paladar das crianças dessa forma. "Dou prioridade a alimentos reais, sem tantos processos industriais e adição de suplementos vitamínicos."
Já o pediatra Moises Chencinski afirma que o composto lácteo tem uma formulação mais apropriada para a criança manter o peso adequado e prebióticos para a saúde da flora intestinal.
"O leite integral pode ter mais nutrientes, mas não são os adequados para essa faixa de idade."
Cid Pinheiro, coordenador das equipes de pediatria do Hospital São Luiz e professor assistente da Santa Casa, afirma que, com o passar dos anos, o leite deixa de ser tão essencial para a criança porque as fontes de cálcio ficam mais diversificadas com a ingestão de outros alimentos, como queijo e iogurte, e, portanto, não há problemas em consumir o composto lácteo.
"No fim, a decisão sobre qual tipo de leite a criança vai tomar depois do aleitamento materno tem que ser individualizada e orientada por um pediatra."
OUTRO LADO
Em nota, a Nestlé afirmou que respeita o direito de informação ao consumidor e cumpre a legislação referente à comercialização de compostos lácteos do Ministério da Agricultura.
A empresa diz que os ingredientes adicionados ao leite visam contribuir para a ingestão de nutrientes importantes na infância.
A reportagem também questionou a Nestlé sobre o uso de xarope de milho no Ninho Fases. O ingrediente adicionado a produtos industrializados, com alta concentração de frutose e composto também por glicose, já foi acusado de ser um dos culpados pela epidemia da obesidade nos EUA. O nutrólogo Edson Credidio afirma que nele há quase as mesmas calorias do açúcar.
A empresa diz que uso do ingrediente visa reduzir o dulçor do produto. "O xarope de milho é um carboidrato que confere um sabor menos doce, o que garante a palatabilidade de Ninho Fases, colaborando para que as crianças acostumem o paladar a alimentos menos doces."

Editoria de arte/folhapress

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Parecer do conselho de Nutricionistas sobre "Restrição ao consumo de leite"

PARECER CRN-3
RESTRIÇÃO AO CONSUMO DE LEITE

INTRODUÇÃO
O Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (SP, MS), no cumprimento de suas atribuições de orientar e disciplinar a prática profissional dos nutricionistas inscritos, emite parecer sobre a restrição ao consumo de leite. Este parecer foi construído com base no encontro com especialistas promovido no Projeto Ponto e Contraponto e divulga os pontos acordados que devem subsidiar a prescrição dietética do nutricionista.

O CRN-3 ESCLARECE E ORIENTA:
1)   O leite de vaca e de outras espécies animais são excelentes fontes de nutrientes e podem fazer parte de uma dieta normal de indivíduos em todas as fases do desenvolvimento, especialmente na infância;

2)   A recomendação indiscriminada para restrição ao consumo de leite e derivados não encontra atualmente respaldo científico com nível de evidência convincente e está em desacordo com o Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar (2007);

3)   A restrição ao consumo de leite e derivados somente deve ser feita aos pacientes com diagnóstico clínico confirmado de Intolerância à Lactose, sensibilidade à proteína do leite (Alergia à Proteína do Leite de Vaca – APLV) ou de outras condições fisiológicas e imunológicas. Deve-se salientar que o diagnóstico clínico é de competência exclusiva do médico;

4)   O descumprimento dessa diretriz aponta indícios de infringência ao Código de Ética do Nutricionista (Resolução CFN nº 334/2004), por desrespeito ao Princípio Fundamental, explicitado no seu artigo 1º, e pelo descumprimento do artigo 6º, inciso VI, sujeitando os infratores a Processo Disciplinar e às penalidades previstas na legislação.


Referências bibliográficas

   COMINETTI,C.; BORTOLI,M.C.; COZZOLINO,S.M.F. – Leite: Fonte de Proteínas, minerais e vitaminas in: ANTUNES,A.E.C & PACHECO, M.T.B (Org.). Leite para adultos: Mitos e fatos frente à ciência. São Paulo: Varela Editora e Livraria Ltda, 2009, v. 1, p.177-213.

   FREIRE,S. & COZZOLINO,S.M.F. – Impacto da exclusão do leite na saúde humana. in: ANTUNES,A.E.C & PACHECO, M.T.B (Org.). Leite para adultos: Mitos e fatos frente à ciência. São Paulo: Varela Editora e Livraria Ltda, 2009, v. 1, p. 229 -238.

   INSTITUTE OF MEDICINE, DRIs – Dietary Reference Intakes for calcium, and Vitamin D. National Academic Press, Washington, D.C., 2011. Disponível em:http://www.nap.edu/iom.

   Consenso Brasileiro de Alergia Alimentar 2007. - Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 31, Nº 2, 2008.

CRN-3
Colegiado 2011-2014

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Cuidado com os Aliméticos (Alimentos Cosméticos)


Todo cuidado é pouco!!!

E viva a boa e velha Alimentação Saudável!!!


Se você está apostando nos chamados nutricosméticos para combater o envelhecimento da pele, tratar celulite, aumentar a energia e a disposição e fortalecer unhas e cabelos, fique atento, pois eles não conseguem esses efeitos sozinhos. E toda atenção com relação ao rótulo é pouca, segundo constatou a entidade de defesa do consumidor Pro Teste ao analisar bebidas "aliméticas" Beauty Drink, da empresa Beauty´in.
Rótulo diz que bebida não pode ser associada ao álcool - Divulgação/site Pro Teste
Divulgação/site Pro Teste
Rótulo diz que bebida não pode ser associada ao álcool
Disponível em oito sabores, o produto tem embalagem na qual os ingredientes (em pó) ficam em um compartimento na tampa, o que promete conservar melhor as propriedades dos nutrientes. Para preparar a bebida, fala-se apenas em "girar a tampa" - no teste prático, foi constatado que é preciso fazer bastante força - e deixar o pó cair na água.
O rótulo informa que o consumo deve acompanhar uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis e não pode ser associado a bebidas alcoólicas. Crianças, gestantes, mulheres que estão amamentando, idosos e portadores de enfermidades devem consultar uma médico antes de consumi-los.
O que proporciona os efeitos prometidos dessas bebidas são as vitaminas, minerais e a taurina, um aminoácido que participa de várias funções fisiológicas importantes. Apesar de realmente ter esses componentes e estar livre de sódio e conservantes, o Beauty Drink apresenta corantes e edulcorantes artificiais.
As frutas, hortaliças e os chás anunciados, portanto, não passam de aromatizantes. Ou seja, se você comprar o Beauty Drink de framboesa, açaí e blueberry, por exemplo, que promete “vitaminar o dia”, vai consumir apenas a combinação dos aromas dessas frutas.
Se for considerado que é possível ingerir as necessidades diárias de vitaminas e minerais por meio de uma alimentação saudável, com frutas e hortaliças, o preço de cada unidade - R$ 8,89 - também se torna um pouco salgado.
Comunicado de resposta da empresa Beauty'in
Referente à matéria publicada, a Beauty’in® Comércio de Bebidas e Cosméticos Ltda. esclarece que o produto Beauty Drink® não está associado à categoria de nutricosméticos e, sim, é classificado como “composto líquido pronto para o consumo”, conforme denominação encontrada na embalagem do produto. Em nenhum momento, a empresa afirma que o produto traz benefícios sem estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos saudáveis, mas reafirma que os ingredientes utilizados na composição dos produtos trazem benefícios à saúde.
O Beauty Drink® traz em sua composição vitaminas e minerais, dentro das especificações e limites permitidos de acordo com a Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003, e a adição do aminoácido taurina, que segue o regulamento técnico descrito pela Resolução nº 273, de 22 de setembro de 2005. O uso de corantes e edulcorantes artificiais, assim como outros aditivos, também é regulamentado pelo Ministério da Saúde - Anvisa e é feito dentro das especificações e limites determinados pela Resolução RDC nº 5, de 15 de janeiro de 2007. Esses corantes são adicionados em quantidades mínimas à formulação, apenas para ajuste de cor em duas versões do Beauty Drink®, sem causar danos aos consumidores.
Já os edulcorantes artificiais sucralose e acessulfame de potássio seguem as diretrizes determinadas pela Resolução RDC nº 18, de 24 de março de 2008, para alimentos com informação nutricional complementar, o que atende perfeitamente às especificações apresentadas na embalagem dos produtos. Com relação ao uso de aromatizantes no lugar de frutas, hortaliças e chás, ressaltamos que eles são naturais, elaborados à base de extratos vegetais naturais. Eles são obtidos por métodos físicos, microbiológicos ou enzimáticos, a partir de matérias-primas ideais para a composição desse tipo de produto.
Com base no descrito acima, os extratos naturais das frutas e vegetais utilizados e declarados conforme exigência legal como “aromatizantes” foram obtidos das frutas e vegetais e se apresentam na forma de extratos. Portanto, a expressão “contém aromatizante” indica o uso de aromas naturais, que são os próprios extratos naturais do produto.